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Copacabana

Exposição SESC Copacabana – Augusto Malta Subversões Poéticas

Exposição SESC Copacabana – Augusto Malta Subversões Poéticas
Curadoria Edu Monteiro (Novembro de 2012)

O desafio desta exposição é criar um diálogo entre a fotografia documental do início do século XX e a produção recente. Convidamos oito novíssimos artistas cariocas, de olhar sensivel e poética apurada, para subverterem imagens históricas de Copacabana realizadas por Augusto Malta, um fotógrafo que mergulhou nas cenas do dia-a-dia, documentou obras importantes e acompanhou a metamorfose urbana do Rio de Janeiro. Com um hiato de quase um século, entram eSte entre a realidade e a ficção.

Este último século foi marcado por subversões na história da arte que reverberaram até hoje na produção de imagens. Ouvimos o grito irreverente dos dadaistas em repúdio à atmosfera envenenada das guerras. Assistimos a Duchamp embaralhar toda a lógica da arte. Fomos incitados a antropofagizar a cultura por Oswald de Andrade. Sentimos os neoconcretistas reinventarem a relação entre artista e espectador. Nos surpreendemos com a mistura da alta cultura e cultura popular na arte pop e acreditamos em não separar a arte da vida. Presenciamos a engenhosidade da arte de resistência para driblar a censura na ditadura militar. E vimos um Man Ray irônico afirmar que a fotografia só se tornaria arte quando perdesse a acideze tivesse o mesmo tempo da arte e do álcool.

Para falar da passagem de um século em colapso, Copacabana é uma ótima metáfora um lugar repleto de subversões e poesia urbana. As fotografias do bairro realizadas por Augusto Malta não são as mais conhecidas do fotógrafo, mas são gostosas, possuem o encanto de um tempo em suspensão, de silêncio. Mas o tempo não para e Copa foi crescendo na verticalidade de seus prédios e na velocidade das ondas do rádio. Foi embalada pela bossa nova e num piscar de olhos, acelerou virou batidão, transbordou.

Neste século relâmpago, a arte também transbordou, mas o tempo se contraiu, e as reduções artísticas, operadas pela arte conceitual neovanguardista dos anos 1960-1970 contribuiram para o surgimento da estética das atuais redes sociais, onde todos postam textos e imagens, mas o tempo para ver e ler é escasso. Tal visão está presente na arte contemporânea : fraca, virtual, apocalíptica em seu exercício de contração do tempo. Esta esposição não deixa de ser um sintoma de tudo isso, uma grande mixagem – misturas e cruzamentos. São artistas encontrando seus caminhos, com personalidades e abordagens diferentes, mas que de alguma forma se unem na pluralidade se suportes que marca a fotografia atual.

Edu Monteiro – Curador