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Meninas da vila

(Trabalho em parceria com Pedro Farina – Work developed with Pedro Farina)

O Projeto

Video sobre o projeto vimeo.com/13900388

Vila Mimosa é o mais antigo e conhecido distrito de prostituição no Rio de Janeiro, hoje abriga em suas casas algo em torno de 1000 mulheres que cobram 12 dólares por um programa de 15 minutos e tem sido assim nos últimos 105 anos.

O projeto “Meninas da Vila” (Vila Mimosa, cartão postal secreto do Rio de Janeiro) nasceu da curiosidade sobre essa vila centenária e pela necessidade de conhecer um pouco melhor quem são essas mulheres, o que sentem, como lidam com sentimentos de ‘culpa’, ‘vergonha’, ‘medo’ e de que modo interagem com suas famílias e com a moral cristã predominante.

Dois anos e muitas visitas depois, descobrimos que temos muito mais semelhanças com essas mulheres do que imaginávamos a princípio. Não queríamos julgar e sim retratar. Os olhares, o vazio, o medo, os abusos, asmarcas, os valores e o código de ética local. É, portanto, um trabalho documental que permanecerá em andamento, onde adentramos na vida íntima dessas mulheres, bem como dos cafetões e clientes.

São “Environmental Portraits”. Em termos técnicos, usamos somente luz natural, o que significa dizer que usamos quase nenhuma luz, pois os quartos são minúsculos, tendo, na maioria das vezes, uma lâmpada fraca, uma janela ou uma fresta no telhado. Contudo, fomos percebendo que essa condição de pouca luminosidade nos possibilitava mostrar de forma contundente as cores e texturas das paredes, bem como, em muitos casos, contribuía para esconder os rostos, tirando partido das sombras, ou oferecendo enquadramentos agressivos, que traduzem inquestionavelmente aquela realidade como a víamos em cada sessão.

Muitos nos perguntam qual o propósito de tudo isso. Outros indagam o que de novo estamos trazendo com esse trabalho. Já nos questionaram até qual seria o tipo de perversão que nos motiva. Acreditamos que a resposta vai além da experiência fotográfica, pois o que nos interessa são as pessoas e a documentação desse ambiente acido, raramente conhecido fora daqueles quarteirões, dificilmente divulgado para o público que não o frequenta.

Assim, pretendemos propor uma reflexão sobre ética, valores, direitos humanos e femininos, descaso do governo e a hipocrisia, buscando estabelecer alguma comunicação entre esse universo quase sempre ‘varrido para baixo do tapete’ e este outro do qual somos parte, gerando informação, pois a ignorância é a mãe de todos os preconceitos.

Consideramos fundamental ressaltar que as “meninas” sabiam do projeto e concordavam com as fotos : o método sempre foi explicar as razões do trabalho, pagar o programa de 15 minutos e, nesse intervalo, em um quarto sujo e escuro, fazer imagens que retratassem aquela experiência e aquele ser humano.

Presenciamos o uso de drogas, assim como a ação de grupos locais que vendem segurança e estabelecem as regras da Vila. Muitas vezes fizemos fotos com filme, usando médio formato, sempre com uma grande motivação para fotografar.

Podemos afirmar que essa experiência tem nos afetado profundamente, nos trazendo uma perspectiva totalmente nova, e isso nos motivamuito; é a revelação de um mundo novo, uma nova regra, novos personagens, muitos dos quais embora vivam da ‘indústria’ do sexo, não se reduzem à sua prática.

Não nos move qualquer espécie de sadismo ou perversão: sentimos-nosdesenvolvendo uma experiência sociológica relevante sob todos os aspectos. Todas as fotografias desse trabalho são de pessoas que, assim como eu e você, almejam a felicidade. Pode ser que não lhe interesse saber que existe uma vila no Rio de Janeiro, com mais de 100 anos, tida como a maior zona de prostituição heterossexual do mundo, onde cerca de 1.000 mulheres trabalham 24 horas pordia, 7 dias por semana. Pode ser que você não goste das fotos resultantes donosso trabalho… …mas nosso projeto foi feito para que você não possa negar que ela existe, ou quem sabe no futuro, que ela existiu.

Uma História (Mayara)

Mayara Santos é negra, bonita, tem dezoito anos e trabalha na Vila Mimosa há oito meses. Nasceu em São Gonçalo- RJ, onde vive até hoje. Adora a cidade, mas não tem boas lembranças da infância. A mãe evangelica , a obrigava a fazer serviços domésticos diariamente. Agressões físicas e humilhações. Do pai, Mayara guarda poucas boas conversas. “Ele era mais compreensível. Era gay. Mas a realidade é que eles não davam muita importância pra mim”.

Os pais se separaram quando ela completou cinco anos. Dos sete aos dez, a menina foi repetidamente estuprada pelo marido da mãe, Carlinhos. Nunca contou isso pra mãe. Fugiu para a casa da avó, que lhe dava carinho e guloseimas. Dona Lúcia era espírita, e Mayara começou a se interessar pela religião. Curiosa, aos treze foi receber um passe no Candomblé. Se apaixonou por Rafael à primeira vista.

“Quando vi aquele garoto, forte, já sabia que ia dar logo de cara”. E não deu outra. Mayara, de treze anos, e Rafael, de dezoito transaram dentro de uma van. Se apaixonaram e casaram. Ficaram quatro anos juntos. Trabalhavam, transavam, dormiam. Traíam. O casamento , no último ano, foi uma farsa. “Eu sabia, ou pelo menos desconfiava que ele me traía. Mas aceitava numa boa. Quando ele falou na minha cara, aquilo doeu muito. Comecei a trair também.”

Rafael a largou com um filho de três meses, pra ficar com uma amiga em comum da mesma rua. Isso faz 10 meses. A partir de então, Mayara começou a freqüentar a Vila. Não era a primeira vez. Aos doze já havia trabalhado por lá, com uma amiga. Uma vez só. Odiou e não voltara até então. Atualmente, namora com a gerente do seu prostíbulo. Tem nojo de homem, odeia o que faz, e quer sair dessa vida para trabalhar como empregada doméstica. Seu filho chama sua mulher de pai.

Marcelo Carrera & Pedro Farina

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The project

Video about this project : vimeo.com/13900388

Vila Mimosa is the oldest and most famous district of prostitution in Rio de Janeiro, it shelters in its houses around 1000 women that charge US$ 12 for a 15-minute service and it has been like that in the last 105 years.

The project called “Meninas da Vila” (Girls of Vila Mimosa, the secret postcard of Rio de Janeiro) began from the curiosity about this centennial district and from the need to know a little bit bother who these women are, what they feel, how they deal with the feeling of ‘guilt’, ‘shame’, ‘fear ‘ and how they interact with their families and the predominant Christian morality.

After two years and a lot of visits, we found out that we have much more similarities with those women than we imagined at first. Our goal wasn’t to judge them, but to portray these women. The look in their eyes, the emptiness, their fear, the abuse, the marks, the values and the local code of ethics. So it’s a documentary work that will continue to, where we enter in the intimate life of these women, such as in the life of the pimps and of the customers.

We worked with “Environmental Portraits”. In technical terms, only natural light, that means we used almost no light, because the rooms are tiny, just having most of times, a dim lamp, a window or a crack in the roof as a light source. With this, we noticed that this condition of the dim light gave us the possibility to highlight the colors and textures on the walls, as well as in many cases it contributed to hide faces, leveraging shadows, or even offering aggressive frameworks, translating unquestionably the reality we saw in in each session.

Lots of people asked us about the purpose of our project, others inquire what’s the new thing we were bringing this time with it. They even asked about what would be the kind of the perversions that motivate us. We believe that the answer goes beyond the Photograph experience, because what really interests us are the people there and the documentation about that acid environment, rarely known out of those blocks, scarcely promoted to the public that don’t frequent that place.

Therefor, we propose a reflection on ethics, values, human and women’s rights, government neglect and hypocrisy, seeking to establish some communication between this universe often “swept under the rug” and this other one of which we make part, generating information, because ignorance is the mother of every kind of prejudice.

We consider it essential to point that the “girls” knew about our project and agreed with the Photos: the method was always explain the reasons of the work, pay the program of 15 Minutes and in this interval, in a dark and dirty room, taking pictures to portray the experience and these humans.

We witnessed drug use, as well as the action of local groups that sell security and services the rules of the Vila. Many times, we made photographs with film, using the medium format, but always with a big motivation to photograph.

We can say that this experience has affected us deeply, bringing us a whole new perspective and this encourage us a lot; it is the revelation of a new world, of new rules, new characters, although many of themlive in the sex industry, they don’t reduced themselves to its practice.

We’re not moved by any kind of sadism or perversion: we feel developing an sociological experiment in under all relevant aspects. Every Photo is of his work a person, which as you and me, crave for happiness. Maybe you’re not interested in to know that there is a district in Rio de Janeiro, with more than 100 years, considered the largest knowing heterosexual prostitution zone of in the world, where circa 1000 women work 24 hours per day, 7 days a week. Maybe you don’t like the resulting photos of our work… but our project was made for you to not deny that it doesn’t exist, or who knows in the future, that it existed.

A Story (Mayara)

Mayara Santos is black, pretty, is 18 years old and works in Vila Mimosa for eight month. She was born in São Gonçalo – Rio de Janeiro, where she still lives until today. She loves her city, but has bad childhood memories. Her protestant mother forced her to do the daily household chores, suffering physical assaults and humiliations. She keeps few good conversations with her father in mind. “He was more comprehensible. He was gay. But the truth was that they didn’t care about me.”

Her parents broke up when she was five years old. From age seven to ten, she was raped repeatedly by her mother’s husband, Carlinhos. She never told this to her mother, but run away to her grandmother’s house, who used to give her affection and candies. Mrs. Lúcia was Spiritist and Mayara became interested into that religion. Curious, with thirteen, she received a “pass” of Candomblé (a religious ritual, in which is performed an ‘energizing’ movement with the hands). She fell in love with Rafael since the first time she saw him.

“When I first saw this strong guy, I knew it would happen right away”. And it really did. Mayara, a thirteen year-old- girl, and Rafael, a eighteen- years -old man, had sex in a van. They fell in love and got married. They stayed for four years together. Working, having sex and sleeping. And cheating. The last year of marriage was a sham. “I knew, or at least I suspected that he was cheating on me and I accepted it. But it was really painful, when he told me that face to face. So I started to betray him, too.”

Now it’s making 10 month that Rafael left her with a three month old son, to stay with a girlfriend they had in the same street. Thereafter, Mayara starts to work in the Vila. It wasn’t her first time. At age twelve, she had already worked there with a friend. Hated it from the first time and never returned until now. Currently, she is dating her manager, a woman. She is very disgusted with men, hates her work and wants to get out of this life to start working as a cleaner. Her son calls her girlfriend “Daddy.”

Marcelo Carrera & Pedro Farina

El proyecto

video vimeo.com/13900388

Villa Mimosa es el más antiguo y conocido distrito de prostitución en Rio de Janeiro, hoy alberga en sus casas algo como unas 1000 mujeres que cobran 12 dólares por un programa de 15 minutos y ha sido así en los últimos 105 años.

El proyecto “Chicas de la Villa” ( Villa Mimosa, tarjeta postal secreta de Rio de Janeiro) nasció de la curiosidad acerca de esa villa centenaria y por la necesidad de conocer un poco mejor quienes son esas mujeres, lo que sienten, como hacen frente a sus sentimientos de culpabilidad, “vergüenza”, “miedo” y de qué manera se relacionan con sus familias y con la moraleja cristiana predominante.

Dos años y muchas visitas después, descubrimos que tenemos muchas más semejanzas con esas mujeres de lo que imaginábamos en principio. No queríamos juzgar y si retratar. Las miradas, el vacío, el miedo, los abusos, las marcas, los valores y el código de ética local. Es, por lo tanto, un trabajo documental que permanecerá en marcha, donde adentramos en la vida íntima de esas mujeres, así como de los proxenetas y clientes.

Son “Environmental Portraits”. En términos técnicos, usamos solamente luz natural, lo que significa que usamos casi ninguna luz, pues las habitaciones son minúsculas, teniendo, en la mayoría de las veces, una lámpara floja, una ventana o una grieta en el tejado. Con todo, fuimos percibiendo que esa condición de poca luminosidad nos posibilitaba mostrar de manera contundente los colores y texturas de las paredes, así como, en muchos casos, contribuía para ocultar los rostros, sacando partido de las sombras, o ofreciendo encuadramientos agresivos , que traducen incuestionablemente aquella realidad como la veíamos en cada sesión.

Muchos nos preguntan cual el propósito de todo eso. Otros preguntan lo que de nuevo estamos trayendo con ese trabajo. ya nos cuestionaron hasta cual sería el tipo de perversión que nos motiva. Creemos que la respuesta va más allá de la experiencia fotográfica, pues lo que nos interesa son las personas y la documentación de ese ambiente acido, raramente conocido fuera de aquellas cuadras, difícilmente divulgado para el público que no la frecuenta.

Así, pretendemos proponer una reflexión sobre ética, valores, derechos humanos y femeninos, descaso del gobierno y la hipocresía, buscando establecer alguna comunicación entre ese universo casi siempre “barrido para bajo de la alfombra” y este otro del cual somos parte, generando información , pues la ignorancia es la madre de todos los prejuicios.

Consideramos fundamental resaltar que las “chicas” sabían del proyecto y estaban de acuerdo con las fotos : el método siempre fue explicar las razones del trabajo, pagar el programa de 15 minutos y , en ese intervalo, en una habitación sucia y oscura, hacer imágenes que retrataran aquella experiencia y aquel ser humano.

Presenciamos el uso de drogas, así como la acción de grupos locales que venden seguridad y establecen las reglas de la Villa. Muchas veces hicimos fotos con película, usando medio formato, siempre con una gran motivación para fotografiar.

Podemos afirmar que esa experiencia nos ha afectado profundamente, trayéndonos una perspectiva totalmente nueva, y eso nos motiva mucho; es la revelación de un nuevo mundo, una nueva regla, nuevos personajes, muchos de los cuales, aunque vivan de la industria del sexo, no se reducen a su práctica.

No nos mueve cualquier especie de sadismo o perversión : nos sentimos desarrollando una experiencia sociológica relevante bajo todos los aspectos. Todas las fotografías de ese trabajo son de personas que , así como yo y tú, ansia la felicidad. Puede ser que no le interese saber que existe una Villa en Rio de Janeiro, con más de 100 años, tenida como la mayor zona de prostitución heterosexual del mundo, donde alrededor de 1.000 mujeres trabajan 24 horas al día, 7 días por semana. Puede ser que a ti no te gusten las fotos resultantes de nuestro trabajo… pero nuestro trabajo fue hecho para que no puedas negar que ella existe, o quien sabe en el futuro, que ella haya existido.

Una historia (Mayara)

Mayara Santos es negra, guapa, tiene dieciocho años y trabaja en la Villa Mimosa hace ocho meses. Nasció en São Gonzalo – RJ, donde vive hasta hoy. Le encanta la ciudad, pero no tiene buenos recuerdos de la infancia.

La madre evangélica, la obligaba a hacer servicios domésticos diariamente. agresiones físicas y humillaciones. Del padre, Mayara guarda pocas buenas charlas. “Él era más comprensible. Era gay. Pero la realidad es que ellos no se importaban mucho conmigo”.

Los padres se separaron cuando ella cumplió cinco años. De los siete a los diez, la chica fue repetidamente molestada por el marido de su madre, Carlinhos. Nunca contó esta a su madre. Huyó para la casa de la abuela, que le daba cariño y golosinas. Doña Lúcia era espírita, y Mayara comenzó a interesarse por la religión. Curiosa, a los trece fue recibir un “pase”[1] en el Candonblé [2]. Se enamoró de Rafael a lo primero que se vieron.

“Cuando vi aquel muchacho, fuerte, ya sabía que iba a acostarme con él”. Y así fue. Mayara, de trece años, y Rafael, de dieciocho se acostaron dentro de un coche. Se enamoraron y se casaron. Quedaron cuatro años juntos. Follaban, follaban, dormían y traían. El casamiento, en el último año, fue una farsa. “Yo sabía, o por lo menos desconfiaba que él me traía. Pero creía tranquilamente. Cuando él me dijo en la cara, aquello me dolió mucho. Empecé a trairlo también.”

Rafael la dejó con un hijo de tres meses, para quedarse con una amiga de ellos de la misma calle. Eso hace 10 meses. A partir de esto entonces, Mayara empezó a frecuentar la Villa. No era la primera vez. A los doce ya había trabajado por allí, con una amiga. Una vez solo. Odió y no había vuelto hasta entonces. Actualmente, novia con la gerente de su prostíbulo. Tiene asco de hombre, odia lo que hace, y quiere salir de esta vida para trabajar como empleada del hogar. Su hijo llama a su mujer de padre.

Marcelo Carrera & Pedro Farina

“Meninas da Vila”

video vimeo.com/13900388

La vila Mimosa est le plus ancien et le plus connu centre de prostitution à Rio de Janeiro, aujourd’hui il abrite dans ses maisons environ 1000 femmes, chacune demande 12 dollars pour leurs services d’une durée de 15 minutes et cela depuis les dernières 105 années.

Le projet « Meninas da Vila » ( Vila Mimosa, carte postale secrète de Rio de Janeiro) est né de la curiosité sur cette Vila centenaire et du besoin de connaître un peu plus sur qui sont ces femmes, qu’est-ce qu’elles ressentent, comment elles gèrent leurs sentiments de « culpabilité », de « honte » de « peur » et de leur façon d’interagir avec leurs familles et la morale chrétienne prédominante.

Au bout de deux années de visitations, on a découvert que nous avons plus de ressemblances avec ces femmes de ce qui on avait imaginé au départ. Nous ne voulons pas les juger mais faire un registre. Les regards, le vide, la peur, l’abus, les marques, les valeurs et leurs propres codes d’éthique. C’est pourtant, un travail documentaire qui restera toujours inachevé, où on rentre dans l’intimité de ces femmes mais aussi de leurs souteneurs et de leurs clients.

Ce sont des « Environnemental portrais ». Dans les termes techniques , on a utilisé seulement de la lumière naturelle, ce que veut dire presque aucune lumière, car les chambres sont minuscules et elles y ont la plupart de temps, une ampoule faible, une fenêtre ou une fissure dans le toit. Cependant, nous nous sommes aperçus que le manque de lumière nous permettait de montrer les couleurs et les matières de murs d’une manière plus intense, au même temps que, dans beaucoup de cas, le manque de lumière aidait à cacher les visages au profit des ombres ou encore donnait des encadrements agressifs qui traduisaient sans doute la réalité tel quel nous voyions à chaque section de photos.

On nous demande parfois quel est le but de tout ça. D’autres personnes nous questionnent sur les innovations que ce travail apporte. On nous a déjà posé la question sur quel genre de perversion nous motivait . Nous croyons que la réponse va au delá de l’expérience photographique, car ce que nous intéresse ce sont les gens et le registre de cette ambiance acide, très peu connue en dehors du quartier, difficilement montrée au public qui ne le fréquente pas. Ansi, nous cherchons à ouvrir la réflexion sur l’éthique, les valeurs, les droits de l’homme et des femmes, l’hypocrisie et le manque d’intérêt du gouvernement.

Nous cherchons à établir une voie de communication entre cet univers presque toujours banni et oublié et cet autre monde auquel nous faisons partie, dans le but de gérer de l’information, car l’ignorance c’est la mère des préjugées. C’est essentiel pour nous de souligner que les « filles » étaient au courant du projet et qu’elles ont données leurs accords sur les photos. Notre méthode de travail a été toujours de leur expliquer notre motivation, de leur payer les 15 minutes de services et dans ce court laps de temps, dans une chambre sale et noire, créer des images capables de montrer cette expérience et ces êtres humains.

Quelquefois, nous avons témoigné l’usage de drogue et l’intervention des groupes des gens qui vendent de la sécurité et dictent les règles de la villa. Souvent nous avons fait des photos avec du filmage en utilisant les moyens formats, toujours très motivés à prendre de photos.

Cette expérience nous a touchée profondément et nous a apportée des nouvelles perspectives et cela nous motive beaucoup, c’est l’ouverture sur un nouveau monde, de nouvelles règles, de nouvelles personnages. Même si la plupart de ces femmes dépendent de l’industrie du sexe pour vivre, elles ne se limitent pas qu’à ça pratique.

Nous ne sommes pas attirés par le sadisme ou par la perversion. Nous croyons développer une expérience sociologique très importante. Toutes les photos montrent des personnes qui cherchent le bonheur ansi comme nous tous. Peut -être, ça ne vous intéresse pas connaitre l’existence d’une villa à Rio de Janeiro avec plus de 100 ans, qui est le plus grand zona de prostitution hétérosexuelle au monde, où il y a environ 1000 femmes qui travaillent 24 heures par jour, 7 jours par semaine.

Peut-être vous n’aimez pas les photos résultant de notre travail… mais notre projet a été conçu pour que vous ne puissiez pas nier l’existence de la Vila Mimosa et pour que dans l’avenir,personne puisse la nier non plus.

Une histoire ( Mayara)

Mayara Santos est noire, belle, elle a dix-huit ans et travaille à vila mimosa depuis huit mois. Elle est née à Sao Gonçalo dans l’État de Rio de Janeiro où elle vit encore aujourd’hui.

Elle adore sa ville mais elle n’a pas des bons souvenirs de son enfance. Sa mère était d’Église évangélique et l’obligeait à faire les tâches domestiques quotidiennement. Elle souffrait des agressions physiques et de l’humiliation. Du coté de son père elle garde quelques bons dialogues. « Il était plus compréhensif, il était gay. Mais à vraie dire ils ne s’occupaient pas de moi ».

Les parents se sont séparés quand elle a eu cinq ans. De sept à dix ans, la fille a été plusieurs fois violée par le nouveau mari de sa mère, Carlinhos. Elle n’a jamais rien dit à sa mère.

Elle s’est enfui chez sa grand-mère, celle-ci lui donnait de la tendresse et de sucreries. Dona Lúcia, sa grand-mère, croyait à l’Espiritisme et Mayara a commencé à s’intéresser par cette religion.

Poussée par la curiosité, à l’âge de treize ans elle est allé recevoir une passe dans un centre de Camdomblé. Elle est tombée amoureuse de Raphaël à la première vue.

« Quand j’ai vu ce garçon, si fort, je savais que j’allais coucher avec lui tout de suite ». Et c’est exactement ce que c’est passé. Mayara, trèze ans et Raphaël dix-huit ans ont baisé dans un van. Ils sont tombés amoureux l’un de l’autre et se sont mis à vivre ensemble. Ils sont resté quatre ans ensemble. Ils bossaient, ils baisaient, ils dormaient, ils se trahissaient. Leur vie de couple dans la dernière année c’était une farce. « Je le savais, d’où moins j’avais des soupçons qu’il me trahissait, mais j’acceptais sans regret. Quand il me l’a avoué, ça m’a fait mal. J’ai commencé à lui trahir de mon coté ».

Raphaël l’a quitté avec un enfant de trois mois pour partir avec une amie en commun qui habitait dans la même rue. Ça fait 10 mois de ça et depuis Mayara a commencé à frequenter la Vila Mimosa.

Ce n’était pas la première fois, à l’âge de douze ans elle avait travaillé là-bas avec une amie. Une seule fois. Elle a détesté et n’est pas retournée depuis. Actuellement elle est en couple avec la gérante du prostibule. Elle est dégoutée des hommes, elle hait ce qu’elle fait et elle veut quitter cette vie pour travailler comme employé de maison. Son fils appelle sa compagne de père.

Marcelo Carrera & Pedro Farina